quinta-feira, 3 de junho de 2010

Água subterrânea Algarvia está mal aproveitada, diz perito.

A água existente no subsolo algarvio está mal aproveitada e devia integrar os sistemas públicos de abastecimento, com base numa gestão integrada das origens superficiais e subterrâneas, defendeu hoje um especialista em hidrogeologia.
Luís Ribeiro, professor do Instituto Superior Técnico, sublinhou que existe água subterrânea em abundância no Algarve e lembrou a importância do aquífero de Querença-Silves para o abastecimento da região durante a seca de 2005, sublinhando que os receios de salinização foram exagerados.
«Este aquífero tem grandes disponibilidades hídricas. Nessa altura, respondeu muito bem às necessidades e mostrou que os riscos de salinização eram muito menores do que se esperava», afirmou Luís Ribeiro que participa sexta-feira num debate sobre «Água Subterrânea no Algarve» no Instituto Superior Técnico (Lisboa).
A extracção de água não foi problemática «porque choveu e houve um aumento de recarga significativo». O engenheiro defende que os sistemas de aquíferos (águas subterrâneas) devem ser integrados no abastecimento público, para evitar que a gestão de água se baseie exclusivamente nas albufeiras.
«As albufeiras não deram resposta durante a seca. Foi uma lição importante para se perceber que era necessário mudar esta política porque não podemos estar só dependentes das origens superficiais».
Além disso, a água dos aquíferos - acrescentou - apresenta muitas vezes melhor qualidade do que a das albufeiras, apesar de existirem algumas zonas com problemas de contaminação por cloretos (salinização) e nitratos (devido ao uso de fertilizantes agrícolas).
É o caso dos sistemas de Campina de Faro e Luz de Tavira e de alguns aquíferos mais próximos das zonas costeiras.
O importante, sublinhou o especialista, é assegurar que se faz uma gestão correcta das captações. Estas não devem estar todas concentradas no mesmo local, para não causar um rebaixamento excessivo dos níveis freáticos (lençóis de água). «Querença-Silves tem cerca de 300 quilómetros quadrados de extensão. É possível fazer uma exploração racionalmente distribuída».
O importante é «nunca extrair mais do que entra. Nalgumas zonas, a precipitação permite recargas de 40 a 50% que alimentam os aquíferos».


Fonte: Diário Digital


Reflexão:

As águas subterrâneas constituem o maior reservatório de água doce do planeta Terra. Formam-se, essencialmente, a partir da infiltração da água da chuva e, uma vez no subsolo, podem formar toalhas ou lençóis de água quase imóveis, que alimentam as fontes e os poços, ou então circular por entre as fissuras das rochas. As zonas onde a circulação de água subterrânea é mais importante que os cursos de água de superfície apresentam, em geral, uma morfologia característica denominada cársica. Existem, no entanto, águas subterrâneas que têm uma origem diferente da infiltração. São as águas juvenis que provêm do interior da crusta, tal como certas águas termais, e aquelas que são retidas nas rochas (água higroscópica e água de retenção).

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